segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Deus Negro

Escrito por: Neimar de Barros

Eu, detestando pretos,
Eu, sem coração!
Eu, perdido num coreto,
Gritando: "Separação"!

Eu, você, nós...nós todos,
cheios de preconceitos,
fugindo como se eles carregassem lodo,
lodo na cor...
E, com petulância, arrogância,
afastando a pele irmã.

Mas,
estou pensando agora,
e quando chegar minha hora ?
Meu Deus, se eu morresse amanhã, de manhã?
Numa viagem esquisita, entre nuvens feias e bonitas,
se eu chegasse lá e um porteiro manco,
como os aleijados que eu gozei, viesse abrir a porta,
e eu reparasse em sua vista torta, igual àquela que eu critiquei?
Se a sua mão tateasse pelo trinco,
como as mãos do cego que não ajudei ?
Se a porta rangesse, chorando os choros que provoquei ?
Se uma criança me tomasse pela mão,
criança como aquela que não embalei,
e me levasse por um corredor florido, colorido,
como as flores que eu jamais dei ?
Se eu sentisse o chão frio,
como o dos presídios que não visitei ?
Se eu visse as paredes caindo,
como as das creches e asilos que não ajudei ?
E se a criança tirasse corpos do caminho,
corpos que eu não levantei
dando desculpas de que eram bêbados, mas eram epiléticos,
que era vagabundagem, mas era fome?

Meu Deus !
Agora me assusta pronunciar seu nome .
E se mais para a frente a criança cobrisse o corpo nu,
da prostituta que eu usei,
ou do moribundo que não olhei,
ou da velha que não respeitei,
ou da mãe que não amei ?
Corpo de alguém exposto, jogado por minha causa,
porque não estendi a mão, porque no amor fiz pausa e dei,
sei lá, só dei desgosto?

E, no fim do corredor, o início da decepção .
Que raiva, que desespero,
se visse o mecânico, o operário, aquele vizinho,
o maldito funcionário, e até, até o padeiro,
todos sorrindo não sei de quê?
Ah! Sei sim, riem da minha decepção.

Deus não está vestido de ouro. Mas como?
Está num simples trono.
Simples como não fui, humilde como não sou.

Deus decepção .
Deus na cor que eu não queria,
Deus cara a cara, face a face,
sem aquela imponente classe.

Deus simples! Deus negro !
Deus negro?

E Eu...
Racista, egoísta. E agora ?
Na terra só persegui os pretos,
não aluguei casa, não apertei a mão.

Meu Deus você é negro, que desilusão!

Será que vai me dar uma morada?
Será que vai apertar minha mão? Que nada .

Meu Deus você é negro, que decepção!

Não dei emprego, virei o rosto. E agora?
Será que vai me dar um canto, vai me cobrir com seu manto?
Ou vai me virar o rosto no embalo da bofetada que dei?

Deus, eu não podia adivinhar.
Por que você se fez assim?
Por que se fez preto, preto como o engraxate,
aquele que expulsei da frente de casa?

Deus, pregaram você na cruz
e você me pregou uma peça.
Eu me esforcei à beça em tantas coisas,
e cheguei até a pensar em amor,

Mas nunca,
nunca pensei em adivinhar sua cor.

domingo, 9 de janeiro de 2011

FELIZ 2011


Escrito por: Frei Betto

Para ti e para mim, um feliz ano-novo. Não mera troca numérica de calendário, de quem mantém seu corpo inerte, preso às raízes da insensatez. Nem a sucessão de dias que se repetem no giro cíclico dos gregos antigos, desprovidos de senso histórico. Nem a multiplicação das rugas que se acumulam em nossos corações, oxidadas pela covardia e a saudade de não ser o que se é.

Anseio por um ano-novo capaz de reacender em nós energias generosas, consciência crítica, solidariedade discreta, afetos adormecidos, e a irrefreável vitalidade de quem reinventa o amor a cada dia. Um novo tempo de alegorias, no qual a poesia nos embriague a alma.

Um novo ano despido de soberbas, de evocações ególatras, de rancores asfixiantes e da indizível inveja causada pela felicidade alheia. Ano livre de rumores nefastos, incontinência da língua, indiferença à dor e exacerbação de tudo aquilo que, em nós, esculpe o perfil ácido da desumanidade.

Para ti e para mim desejo um ano-novo em que cada manhã ressoe como o cantar de laudes sob o esplendor de uma revoada de pássaros. E que sejamos despertados pelo afago prenhe de alvíssaras. Sejam os nossos gestos expressões litúrgicas de bem-querer e gratidões.

Não desejo um novo ano de velhos vícios arraigados, como não considerar suficiente o necessário, acumular supérfluos nas gavetas da casa e do coração ou a leniência perante as injustiças. Nenhum ano pode ser novo se arrastamos vida afora nossas almas incendiadas pela ira, o humor de mãos dadas com o rancor, o orgulho como escudo frente aos que apontam nossos erros.

Quero, para ti e para mim, um ano-novo em que a partilha do pão instaure a paz e no qual toda paixão aflore em duradouro amor. Um ano no qual o tempo se desenlace como um tecido fino e transparente, a enlevar-nos na rota do transcendente. Ano de silente contemplação do milagre da Criação e cuidadosa proteção da mãe natureza.

Faço votos de que em 2011 a cegueira apague nossas fúteis ilusões e que brotos de saudáveis quimeras palmilhem a estrada que conduz ao mais íntimo de nós mesmos. Seja para nós um ano de muita fortuna, inflado de projetos promissores, destituído de mesquinharias e perjúrios.

Ano bom é o que traz efervescência espiritual, o vinho a inebriar-nos do sagrado, a alma tecida de alegrias inefáveis, os passos movidos pela vontade alada, o vigor juvenil de quem não encara a velhice como doença. Ano de reavivar antigas amizades, libertar-se dos apegos vorazes, trocar a tagarelice pelo aconchego reflexivo dos livros e deixar a música inundar nossos mais recônditos sentimentos.

Ano-novo é o que transfigura nossas mais secretas intenções e projeta luz nas veredas escavadas por cada uma de nossas positivas atitudes. Assim, haverão de cair as escamas de nossos olhos, os ouvidos acolherão a melodia sideral, o perfume do otimismo nos inebriará, e de nossos lábios brotarão cânticos de aleluia.

Para ti e para mim seja o ano de 2011 ninho de férteis esperanças e senda primaveril rumo a outros mundos possíveis. À mesa, a gratuidade inconsútil; à porta, nossas resistência desarmadas; à sala, um rumor de anjos. E seja toda a casa reduto de sabores e saberes agradáveis ao paladar e à inteligência.

Seja novo, para ti e para mim, o ano entrante, não por reiniciar a sucessão de meses, semanas e dias, e sim por revitalizar nossos bons propósitos, livrar-nos da letargia frente aos desafios espelhados na utopia e arrancar de nosso âmago toda erva daninha semeada por ambições desmedidas.

Novo por incutir em nós a modéstia translúcida de avós afetuosas, o fervor espiritual dos místicos, a exuberância dos bailarinos a multiplicarem as potencialidades do corpo. Ano de romper barreiras do preconceito, derrubar cercas da ganância, fertilizar com sementes altruístas o chão no qual pisamos.

Para ti e para mim, um feliz ano-novo no qual a vida seja diariamente celebrada como dom de Deus, dádiva amorosa, encantadora aventura.

Ao longo deste ano esteja sempre presente, em nossas mentes e em nosso agir, que viver é muito perigozo.



Frei Betto é escritor, autor de “A arte de semear estrelas” (Rocco), entre outros livros. www.freibetto.org - twitter:@freibe

sábado, 4 de dezembro de 2010

É Proibido Pensar.

Escrito por: Escobar

O governo e a escola dizem “não pense”
O teu chefe e tua empresa dizem “não pense”
A TV e o Sistema capitalista dizem “não pense”
A igreja da prosperidade e genéricas dizem “não pense”
A faculdade e a policia dizem “não pense”

Pois se pensares pode ser que mudes o mundo
Ou contamines teus amigos
E vejas a sociedade como ela é
E muitos outros tenham chance de viver


Se pensares os teus colegas podem perceber que tem direitos
E podes atrapalhar planos de exploração
Pode ser que percebas que o trabalho é uma sociedade
Entre o empregado e o “patrão”

Pensando perceberás que este sistema é desumano
E que não é o fim da história
Então te darás conta que outras alternativas são possíveis
E que pessoas passando fome é um fato inadmissível

Se pensares perceberas que a TV te aliena e te adestra
Te darás conta que ela é um meio que te afasta de ti mesmo
E verás que te ensina a vencer mesmo que outros percam
Assim ao desligares a Globo nem falta sentirás

Se pensares verás um Deus mais humano
Que se compadece de todos e não se restringe a templos
Então falirás um sistema que te ensinou a dar para receber em dobro
E te tornarás compassivo com aqueles que sofrem

Se pensares enxergarás os abusos dos fardados
E perceberás que eles trabalham para o patrimônio
Pois pessoas não tem valor
Neste sistema de individualismos e rancor

E pensando verás que não existem “inteligentes” e “ignorantes”
E perceberás na educação uma via de duas mãos
Verás que o professor não precisa só ficar te ensinando
E que dentro da sala ele é mais um ser inacabado
Que está lá para aprender ao teu lado.

Por isso para que não enxergues tudo isso
No sistema atual
É proibido pensar.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Carta Aberta à Comunidade Goiana sobre política, justiça social e meios de mobilização

Goiânia, 15 de Novembro de 2010

Passageiros Temporários

Considere-se Passageiro Temporário, todo aquele que assim como nós, idealizadores deste projeto, têm a legítima convicção que a luta por justiça e igualdade social, atingirá proporções tangíveis através da conscientização política dos cidadãos brasileiros. Outrossim, imprescindível para fazer valer o que é digno para todos, no que tange os direitos e deveres individuais/ coletivos, fundamentais para o desenvolvimento da sociedade com parâmetros inclusivos, pois vivenciamos uma distância abissal entre o discurso no papel e a realidade cotidiana, extraordinariamente representada pela desigualdade social.

O Projeto Passageiros Temporários é articulado ao MCM “Movimento Contra Miséria”, que tem mobilizado em alguns locais do país trabalhos de conscientização sobre políticas sociais e ações para erradicação da miséria. Não podemos simplesmente nos conformar com a lógica capitalista, que a desigualdade é inerente a uma ordem natural, entretanto é necessária a ruptura na lei estabelecida, esse estado de alienação que se opõe aos interesses sociais, especialmente na cidade de Goiânia e/ou Região Metropolitana, cenário desse processo.

Aos leitores desta Carta Aberta e agentes de transformação é importante esclarecer que este é um movimento apartidário, embora o discurso seja essencialmente de esquerda, contudo, não temos a intenção de empunhar a bandeira do Marxismo, mas acreditamos em pontos por ele defendido; nem tampouco utilizar o Evangelho de Cristo para catequizar as pessoas, considerando o fato que os idealizadores (as) deste projeto têm orientação cristã, porém abertos a outras crenças, lembrando que o reino de Deus não se limita a nós, posicionamentos “igrejistas” são irrelevantes. Entendemos que belos discursos não são suficientes para promover mudanças, ou seja, somente orar por quem passa fome e não estender a mão para alimentar, não mudará o fato de crianças e adultos dormirem de estômagos vazios todos os dias em nossa capital, isso é aterrador, dentre outros problemas que afligem a população.

A proposta está embasada em dois pilares, teoria e prática, respectivamente. A parte teórica engloba reunião do grupo para fomentar discussões relativas a:

*Conscientizar os participantes sobre os aspectos: político, social, econômico, ambiental e cultural da cidade de Goiânia e/ou Região Metropolitana, através de debates, mesas redondas, seminários, atividades in loco, dentre outros recursos;

*História e organização de movimentos sociais no Brasil e no mundo que representam vetores de transformação;

*Contextualização política – Brasil, América Latina; Mundo;

*Politizar a comunidade local quanto aos seus direitos e deveres sociais de acordo com a cultura e linguagem;

*Diagnosticar os principais problemas sociais da comunidade local definida para o desenvolvimento do projeto;

*Definir os aspectos sociais que serão abordados pelo projeto, por etapa, ou em conjunto;

*Traçar estratégias de execução do projeto etc.

Nossa interferência terá o objetivo de promover a politização da comunidade, como principal ferramenta no desenvolvimento de ações que repercutam positivamente na sociedade. Especialmente no tocante a erradicação da miséria, isto é, falta do necessário para viver. Miséria não se resume a não ter alimentação e moradia adequadas, abrange também à dificuldade de acesso a educação, emprego, assistência médica e odontológica, lazer, saneamento, segurança e ambiente favorável ao desenvolvimento da pessoa humana. O mais intrigante é que esses fatores representativos da miséria são temas sempre presentes nas agendas das campanhas políticas de nosso país, em todas as esferas, municipal, estadual e federal. Nossa missão é conscientizar o maior número possível de pessoas e assim juntarmos forças na cobrança e efetivação das políticas sociais; para que dignidade e qualidade de vida, não seja privilégio de apenas 10% da população brasileira.

Passageiros Temporários atentem para a condição também efêmera de tudo que nos cerca e que o fruto dessa simbiose do passado, presente e do futuro que desejamos está necessariamente ligado às posturas que adotamos e praticamos. O Brasil e o Estado de Goiás vivem um momento de transição política muito importante, devemos estar alerta quanto ao cumprimento das propostas de governo e suas conseqüências. Talvez não possamos provocar transformações em todo o Mundo, mas podemos sim, transformar os lugares por onde passarmos ainda que com fagulhas de justiça, cooperação, solidariedade e foco no ser humano. Porque não acredito que tenhamos tão pouco, ao ponto de não termos o que dividir: idéias, ideais, conhecimento, alimento, projetos, inclusão, enfim , novas perspectivas, apontar novos caminhos e o mais importante, caminhar junto, tão logo revolução.

Diante do exposto, conclamamos a todos para um encontro inicial, a fim de trocarmos idéias acerca do projeto.

Data: 28/ 11/ 2010 (Domingo)

Horário: 15 horas

Local: Parque Flamboyant

Atentamente,

Equipe Passageiros Temporários

“Somos passageiros temporários, com compromissos permanentes.”

O Fluxo da Maioria

Escrito por: Gito


Toda unanimidade é burra, dizia o saudoso poeta das palavras amargas, Nelson Rodrigues.

A massa percorre um caminho sistemático. Embasada pelas ondas da mídia e da moda, guiada pelos ídolos teens, dá as mãos ao conveniente e ao politicamente correto, ao status quo, faz jus às propagandas de refrigerante, e marcham sem rumo, mas não sem ritmo.

Essa geração nasceu prematura, os filhos da modernidade acostumaram à incubadora. Parece que gostam desse ambiente cercado de vidros, de cuidado e de sondas. Essa geração apresenta os sintomas da gripe: indisposição, dor no corpo, tosse e febre.
Indisposição com tudo que exige algum esforço. A incubadora os acostumou a receber tudo com facilidade. Dor no corpo, segundo a analogia de São Paulo, o apóstolo cristão do primeiro século que dizia que a comunidade de fé é como o corpo humano, uns membros necessitam de outros e não há qualquer um que seja insignificante. Bom, isso não acontece com esse “corpo moderninho”. Aqui, alguns membros são insignificantes. Amputam-lhes. E o corpo sofre a conseqüência com as dores intermináveis de tal operação e do mau funcionamento do que sobrou. Usando a analogia paulina, estamos nos decepando. Tosse é o que produzimos e vendemos. Vendemos tosse. Há tosses bonitas e feias, quem tossir com mais sequidão na garganta ganha mais dinheiro, é uma tosse que deveria ser considerada feia e incômoda, mas não, pois dá lucro. Na pós-modernidade, influencia mais quem tosse seco. Não querem um xarope expectorante, ele levaria embora a tosse e os lucros. Febre gera nossas alucinações. Nelas pensamos que somos super poderosos, que nossos canhões importam mais que nossas florestas, que há raças inferiores, que beleza importa mais que virtudes, que amor é tema de novela.

Então quem não está inserido no sistema precisa se readaptar as condições da massa ou abrir mão dessa readaptação para uma vida em caminhada pela contramão. Thoreau, o escritor americano disse que se um homem marcha diferente do dos seus companheiros, é porque ouve outro tambor. No entanto, a massa chama esse homem de surdo e de burro.

Assim surgem os hereges, os loucos, os poetas, os místicos, os palhaços, os viciados, os camponeses sem terra, os pecadores, os voluntários, os velhos, as crianças, os fracos, os foragidos, os perseguidos, os famintos, vindos de toda a parte para viver fora dos muros da cidade e nas cavernas.

Nomes com que a massa chama a todos estes. Do lado de fora do muro, cada qual deve ser chamado pelo nome. Não há o que ele faz, o que ele representa, como ele se apresenta, mas quem ele é.

No livro bíblico primeiro de Samuel, no capítulo 22, há o relato dos que se reuniam na Caverna de Adulão. Homens endividados, em aperto e todos os amargurados de espírito que se juntaram a Davi, que se fez chefe deles, quando este também fugia do rei Saul que estava louco e planejava matar a Davi por inveja e medo de perder o poder. Esses homens foragidos formaram um exército poderoso. O povo chamava alguns heróis de guerra de “Valentes de Davi”, eram parte da guarda real, segurança pessoal do então Rei Davi, e estiveram com ele na Caverna.

Os homens excluídos da sociedade agora eram heróis do povo. Os que viviam amedrontados em cavernas agora cuidavam da segurança do palácio. Mas, o que eu quero frisar é que não mudou de povo, não era outra população. O povo na sociedade em que tais homens foram excluídos era o mesmo povo na sociedade que os tinha como heróis.

Eles se posicionam conforme lhes cabem. Uma adaptação social. Mudam os reis e governos, mas o povo continua apoiando a quem quer que seja. São unânimes diante de qualquer governança.

Os que se opõem são lançados para fora das cidades, para as cavernas e o povo lhes atribuem nomes.

O povo assiste e torce para aquele que está vencendo. Para o convincente. São politicamente corretos. A unanimidade é burra.

Nessa realidade há três posições: Aqueles do lado de lá dos muros, os poderosos e a massa de espectadores que apóiam os poderosos com aplausos, comentários unânimes e anônimos.

Posicionar é se expor. Esses são os unânimes. Se expor é tomar posição. Esses são os anônimos.

O politicamente correto trata-se de um individuo que não dá passos que não sejam pensados, avaliados, medidos. Cada gesto dele carrega significado, cada opinião dele tem implicações pro bem ou pro mal, e às vezes, pro seu próprio mal se ele andar num curso diferente daquele que significa o fluxo da maioria. O politicamente correto, portanto, examina, olha vê, Ele é um homem de bem, ele é um sujeito extremamente preocupado com os movimentos dele, com os gestos dele. Ele valoriza a auto-preservação. Por isso, ele não se posiciona de maneira que não lhe preserve, que não lhe transmita a sensação de segurança e de conformidade. Ele não se move se não estiver seguindo a marcha da massa.

A marcha da massa. O fluxo. Vão sem saber para onde vão. Não importa. Para eles, o que importa é estar no meio da multidão e muito bem adaptado a ela.